• Home
  • Quem Somos
  • Contato
  • ENG
  • POR
  • ESP
  • Sala de Notícias
    • Arte&Sexualidade
  • Biblioteca
    • Publicações SPW
    • Anúncios mensais
    • Multimídia
    • Newsletters
    • Recomendamos
      • Publicações e Artigos
      • Links
  • Análises Estratégicas
  • Pesquisa & Política
  • Atividades SPW

Destaque - Checkitout, Sala de notícias

Abrasco e ABIA em defesa da Política Nacional de HIV/AIDS

25 jan 2019


Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 2019

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco e a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA, enquanto entidades da sociedade civil que têm contribuído desde os anos 1980 para efetivar o compromisso constitucional do direito à saúde, vêm a público manifestar preocupação com os rumos das políticas de HIV/AIDS no Brasil. Partimos do entendimento de que o enfrentamento a uma epidemia desta natureza deve se constituir como uma política de Estado, que não esteja à mercê de oscilações de políticas de governo, e que deve se pautar pela compreensão das dimensões sociais que impactam na efetividade das respostas.

Embora o Boletim de Epidemiologia de HIV/AIDS divulgado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2018 descreva diminuição na taxa de detecção de AIDS no Brasil entre 2012 e 2017, existe grande variação regional e entre grupos populacionais que não permite assumir a média nacional isoladamente como indicador de um quadro positivo. Em 10 anos (2007 e 2017), a taxa de detecção de AIDS cresceu em todos os estados do nordeste brasileiro, em praticamente todos os estados da região Norte e em 3 dos 4 estados da região Centro-Oeste e no Distrito Federal. Estas três regiões, onde a AIDS está crescendo contêm juntas quase 44% da população brasileira.

Outro quadro importante é que a infecção vem aumentando em algumas populações mais vulneráveis, confirmando o perfil de epidemia concentrada, quando estas populações acumulam um número de casos proporcionalmente maior do que na população geral. Isto é observado entre homens que fazem sexo com homens, grupo em que a infecção cresceu de 12,1% (2009) para 18,4% (2016) com grande concentração entre jovens e adultos de classes econômicas menos privilegiadas. A taxa nesta população chega a ser cerca de 50 vezes maior que a taxa na população geral brasileira.

Há de se destacar, ainda, problemas sérios na vigilância, como a significativa subnotificação existente no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, sistema oficial do Ministério da Saúde responsável pela notificação de doenças e agravos de importância em saúde pública. Em alguns estados esta subnotificação pode chegar a quase 50%. O SINAN acaba tendo que ser complementado por outros sistemas de vigilância, como o de informações sobre mortalidade – SIM e o SICEL e SICLOM, específicos da AIDS, onde muitos casos não notificados podem ser localizados e trazidos de forma complementar para o sistema da vigilância.

Diante deste quadro preocupante de avanço da epidemia em direção a populações mais vulneráveis, é preciso assegurar a sustentabilidade da política de ações para o controle de doenças sexualmente transmissíveis – DSTs e HIV/AIDS e colocar como prioridade o enfrentamento dos fatores estruturais que contribuem para este quadro. Por isso, afirmamos que uma agenda séria de enfrentamento do HIV/AIDS no Brasil exige 5 compromissos:

  1. A manutenção do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST HIV/AIDS e Hepatites Virais e dos recursos necessários para uma oferta de serviços de qualidade e de forma universal para toda a população brasileira, com estratégias específicas para as populações mais vulneráveis e que são afastadas dos serviços devido a uma onda crescente de violência, discriminação e exclusão.
  2. Garantia do direito ao tratamento e do direito à prevenção de todos os cidadãos e cidadãs, independentemente do tipo de família, orientação sexual, raça, gênero, religião, fase de vida, região onde habita ou situação econômica com a atenção, em especial, a todos e todas em condições de maior vulnerabilidade ao HIV/AIDS, incluindo prostitutas, pessoas transexuais, homens gays, populações em situação de rua, indivíduos privados de liberdade e usuários de drogas.
  3. Ênfase no combate ao estigma e à garantia dos direitos humanos das pessoas afetadas pelo HIV/AIDS e outras doenças infecciosas.
  4. Continuidade das campanhas educativas, dentro do marco dos direitos humanos e do respeito à diversidade sexual e social e, principalmente conectadas com seus públicos-alvo em linguagem e estética, com base nos princípios dos direitos humanos e fundamentadas em evidências científicas.
  5. Continuidade e ampliação de estratégias que investem em novas abordagens comprovadamente mais efetivas, como a prevenção combinada – que inclui o uso do preservativo e das Profilaxias Pré- (PrEP) e Pós-Exposição (PEP) – e a constante atualização dos protocolos de tratamento, incorporando inovações que aumentam a eficácia do tratamento e a qualidade de vida das pessoas afetadas. O acesso universal às melhores ferramentas de prevenção e tratamento disponíveis deve ter como premissa o enfrentamento dos altos preços dos produtos por meio de estratégias consagradas de negociação e redução de preço, baseadas no uso das flexibilidades do Acordo TRIPS (em inglês: Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights, em português: Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio), tais como o licenciamento compulsório de patentes.

Afirmamos, ainda, que ao longo dos quase 40 anos de epidemia, o protagonismo da participação da sociedade civil organizada na prevenção, na assistência e na promoção da saúde e dos direitos humanos, tem sido reiteradamente reconhecido e reafirmado por pesquisadores e autoridades nacionais e internacionais como fundamental para os sucessos alcançados.

Por isso ressaltamos a importância da manutenção do acesso da sociedade civil a fundos públicos como forma de garantir o controle da epidemia no Brasil. Ao mesmo tempo, condenamos a Medida Provisória 870/19, que retira a comunidade LGBTI+ da lista de políticas e diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos, bem como a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI, responsável, entre outros, pela educação de surdos em diversidade, pois essas são medidas que devem abrir ainda mais a porta para a perpetuação do estigma, discriminação e violência contra estas comunidades.

Estaremos atentos e continuaremos a nossa luta para que a resposta à AIDS no Brasil siga valorizando o respeito à democracia, à cidadania e à diversidade.

Categoria: Destaque - Checkitout, Sala de notícias Tags: conservadorismo político, Direitos LGBTQ, equidade de gênero, gênero, hiv, HIV/AIDS, Identidade de Gênero, Sexualidade, Trabalho Sexual

Compartilhar

Tags

Aborto América Latina antigênero Argentina Brasil China Colômbia conservadorismo conservadorismo religioso Contracepção covid covid-19 Criminalização Defensores DH Direitos das Mulheres Direitos Humanos Direitos Intersex Direitos LGBTQ Direitos Reprodutivos Direitos Sexuais Discriminação economia política EUA Extremismo Religioso feminismo Feminismos gênero HIV/AIDS Identidade de Gênero Igualdade de Gênero ONU Orientação Sexual políticas antigênero Portugal religião Saúde Materna Sexualidade Trabalho Sexual Uganda Uruguai violência Violência Sexual África Ásia Índia

Sexuality Policy Watch

admin@sxpolitics.org
Rio de Janeiro | Brasil

Posts recentes

  • O direito ao aborto legal no Brasil 2023-2025: Ofensivas e Resistências
  • A resolução do CONANDA sobre aborto nos casos legais não é apenas justa, é urgente
  • Comentários feitos em um evento paralelo da CSW co-patrocinado pelos EUA sobre o ataque da ideologia de gênero às mulheres e à família
  • Ordem antigênero de Donald Trump (2025): tradução ao português
  • Ofensiva anti-trans e anti-DEI nos EUA sob Trump
FW2 Agência Digital