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“Feministas da África do Sul estão cuspindo fogo”, declaram em nota antes das eleições

DECLARAÇÃO DE RAIVA: FEMINISTAS DA ÁFRICA DO SUL CUSPINDO FOGO!

NÃO ESTAMOS SOB A MISERICÓRDIA DOS LÍDERES DE PARTIDO POLÍTICO!

27 de abril de 2019

Nós, mulheres da África do Sul que assinam abaixo, deixamos um aviso para todos os políticos de todo o espectro político dos partidos, cujos frenesis e barulhos das campanhas eleitorais  se impuseram sobre nossas vidas e nossos espaços.

Nós não somos suas propriedades, suas mulheres, seus tolos e certamente não somos um bando de presas à sua disposição.

Cada um de vocês, homens, agentes e beneficiários do patriarcado e líderes de partidos políticos, são de alguma forma diretamente responsáveis, culpados eou cúmplices da conivência com os beneficiários do poder dentro deste sistema político e governamental partidário. Vocês desfrutam de privilégios políticos e econômicos que resultaram na sua própria indigestão pelo consumo excessivo de poder a ponto de ficarem bêbados e gananciosos por ainda mais. Os seus impulsos são insaciáveis. Com isso, continuarão a levar as nossas vidas a ficarem cada vez mais duras, inseguras e imprevisíveis.

Vocês, homens, fracassaram com vocês mesmos e com a comunidade inteira que vive dentro destas fronteiras. E você falharam com nós, mulheres. E não é como se vocês houvessem falhado porque tinham que fazer mudanças para o nosso próprio bem-estar e proteção. Por favor, saibam que não precisamos da sua proteção. Nós esperamos, exigimos, vamos insistir e forçá-los a respeitar, cumprir, proteger e promover nossos direitos. Isso é o que todos vocês afirmam estar fazendo – seja como partido no poder ou como oposição. Sua tarefa é proteger nossos direitos. Em vez disso, somos obrigadas a forçar-lhes a reconhecer esses direitos e a mobilizar alguma decência para que vocês os protejam ativamente. Mas vocês teriam que deixar seu poder e privilégio se levassem as nossas considerações à sério. E vocês não o farão.

Nós não esperamos que ponham a mão na consciência. Temos estado nas ruas e instituições despejando as nossas almas na construção desta democracia e, durante 25 anos desde as primeiras eleições em 1994, trabalhamos para construir e tornar a liberdade, a dignidade e a igualdade de todas as mulheres uma realidade. Fizemos isso de várias maneiras – elaboramos políticas e fizemos recomendações, fornecemos assistência técnica a todos os partidos, oferecemos críticas construtivas e orientação, nós protestamos, resistimos, criamos e imaginamos novas formas de moldar o país de modo a respeitar os direitos humanos das mulheres. Oferecemos ideias e conteúdo sobre mudanças políticas, institucionais, operacionais e práticas que podem contribuir para uma mudança significativa na vida das mulheres comuns de todo o país.

As vidas diárias das mulheres mais comuns neste país, – tanto dentro como fora das nossas fronteiras – no entanto, continuaram a piorar.

Durante 25 anos temos sido forçados a esperar e viver na esperança, a continuar acreditando de boa fé que a mudança leva tempo, que a mudança é um processo e não um evento ou outras expressões de nossa paciência, sofrimento e boa vontade. Nós permanecemos na linha de frente do processo de mudança, encorajando, empurrando, cutucando e persuadindo homens líderes de partidos políticos, esperando que as suas consciências despertassem, esperando que as suas integridades crescessem para que fizessem aquilo que deveriam. Durante 25 anos temos sido forçadas a viver à sombra de seus espetaculares e dramáticos fracassos, de suas mentiras, enganos, violência verbal, física e emocional e da interminável violência da pobreza e das desigualdades. Novos partidos foram constituídos, antigos inimigos dos direitos das mulheres passaram de um partido ao outro, mudando de cor como camaleões. Vocês ainda são todos agentes patriarcais com pouca ou mesmo nenhuma integridade, que roubam dos pobres, fingem estar do lado desses e, como se toda a palhaçada dos últimos quatro anos não tivessem sido suficientes, vocês retornam mais uma vez para nos persuadir a escolher os seus rostos mentirosos e corruptos nas urnas.

Não.

Não somos os seus tolos.

As mulheres não são os tolos dos homens que têm o poder dentre os 48 partidos que – sem exceção – nos interpelam para extrair nosso consentimento, escolhas, endosso e anuência a fim de continuar a abusar de seus poderes e destruírem qualquer esperança de democracia neste país. As suas promessas não significam nada. Os seus manifestos são palavras ao vento. No dia seguinte à eleição, nós mulheres continuaremos em nosso lugar, forçadas a lutar nossas próprias batalhas enquanto vocês continuam a discursar sobre as lutas e os direitos das mulheres.

Chega!

Vão em frente com as suas eleições. As vidas das mulheres continuarão inalteradas. Nós mesmas seremos aquelas que trarão a mudança.

Com esta carta, deixamos avisado sobre a nossa prontidão para forçar todos os 48 partidos a destituírem-se do seu poder patriarcal e de ganância financeira.

As mulheres da África do Sul vão esmagar o patriarcado. As feministas estão cuspindo fogo.

A luta continua no dia 9 de maio.

Feminists Speak!

Feminists.Bua@gmail.com

 

Source: Shayisfuba



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