O SPW nasceu em 2002 com o nome Grupo de Trabalho Internacional sobre Sexualidade e Políticas Sociais (IWGSSP na sigla em inglês). A mudança para o nome atual, Observatório de Sexualidade e Política, aconteceu em 2006.
Desde o início, o SPW tem se dedicado à análise estratégica, à pesquisa e ao treinamento. Seu programa inclui: avaliações periódicas de tendências globais em políticas de gênero e sexualidade; engajamento em ativismo político em arenas transnacionais, como a ONU; criação de parcerias com uma ampla gama de atores que trabalham no campo dos direitos relacionados a gênero e sexualidade.
Reunião do SPW em Toronto, em 2006
Encontro do SPW em Nova Iorque, 2004
Em 2004, o SPW publicou o resultado de seu primeiro projeto de pesquisa “Global Implications of U.S. Domestic and International Policies on Sexuality” (Girard), que examinou as implicações das políticas domésticas e internacionais dos EUA sobre sexualidade no início do governo Bush. O relatório foi lançado em um evento paralelo durante a Conferência Regional da CEPAL que marcou o 10º aniversário da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) em San Juan, Porto Rico.
Evento paralelo em Porto Rico, 2004
Entre 2004 e 2007, o SPW concluiu seu primeiro projeto de pesquisa transnacional, que examinou a dinâmica da política sexual em oito países – Brasil, Egito, Índia, Peru, Polônia, África do Sul, Turquia e Vietnã – e duas instituições globais: as Nações Unidas e o Banco Mundial. O resultado, SexPolitics: Reports from the Frontlines, também está disponível em espanhol (Políticas sobre Sexualidad: Reportes desde las líneas del frente).
Encontro do SPW no Rio de Janeiro em 2005
Lançamento do “SexPolitics” em Lima, Peru
Enquanto essa pesquisa transnacional estava em andamento, Sonia Corrêa, Richard Parker e Rosalind Petchesky estavam envolvidos em um projeto paralelo que resultou no livro Sexuality, Health and Human Rights, publicado pela Routledge e lançado em 2008.
Lançamento de ‘SexPolitics: Reports from the Frontlines’ na Cidade do México
Entre 2009 e 2014, foi desenvolvido outro projeto global de pesquisa que abrangeu três Diálogos Regionais sobre Sexualidade e (Geo)Política, na Ásia (2009), na América Latina (2009) e na África (2010), e uma reunião inter-regional realizada no Rio de Janeiro (2011). Esse esforço resultou em três publicações: o e-book em espanhol “Diálogos Regionales sobre Sexualidad y Geopolítica” e os dois volumes digitais editados Sexuality and Politics: Regional Dialogues from the Global South Vol. I and Vol. II.
Diálogo Regional na Ásia (Hanoi, 2009)
Encontro nacional no Rio de Janeiro, parte do Diálogo Regional da América Latina (2009)
Paralelamente aos Diálogos Regionais, o SPW publicou em 2015 uma tradução para o espanhol do livro de Rafael de la Dehesa sobre movimentos de direitos sexuais no México e no Brasil: Incursiones queer en la esfera pública, Movimientos por los derechos sexuales en México y Brasil. Esse projeto foi realizado em parceria com o Programa de Estudos de Gênero da Universidad Nacional Autónoma de Mexico (UNAM).
Em 2013, o SPW implementou dois programas de treinamento com foco em como a teoria e a pesquisa sobre sexualidade podem moldar uma mudança social significativa. Participantes foram selecionados de todas as regiões, com prioridade para países do Sul Global. O corpo docente foi formado por membros, parceiros e colaboradores do SPW.
O primeiro workshop foi realizado no Rio de Janeiro em março de 2013, com 18 jovens pesquisadores e ativistas de Angola, Argentina, Brasil, Camarões, China, Egito, Índia, México, Filipinas, Senegal, África do Sul, Trinidad & Tobago, Estados Unidos e Venezuela (saiba mais aqui, em inglês). O relatório final está disponível aqui.
Primeiro workshop de formação do SPW, no Rio de Janeiro (2013)
Um segundo workshop (em inglês) foi realizado em Buenos Aires em agosto do mesmo ano, logo antes da Conferência da International Association for the Study of Sexuality, Culture and Society (IASSCS). Esse workshop envolveu participantes da Argentina, Brasil, China, Equador, Índia, México, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia, Quirguistão, Ucrânia e Estados Unidos.
Segundo workshop SPW, realizado em Buenos Aires (2013)
Entre 2013 e 2015, em colaboração com parceiros do Sul Global e dos EUA, o SPW iniciou uma nova linha de trabalho para examinar como a emergência de novas potências – Brasil, China, Índia e África do Sul – se articulava com as políticas de sexualidade e direitos humanos. O projeto foi intitulado Emerging Powers, Sexuality and Human Rights (Potências emergentes, sexualidade e direitos humanos) e resultou em dois working papers e uma série de videos documentando um fórum da sociedade civil organizado paralelamente à VI Reunião do Brics em Fortaleza, Brasil (julho de 2014). Em 2015, os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em um seminário realizado na Wits University, em Joanesburgo.
Em 2015, o SPW deu início a um novo ciclo de análise transnacional que analisou e atualizou os resultados do SexPolitics: Reports from the Frontlines, de 2007. Esse novo projeto foi intitulado SexPolitics: Mapping Key Trends and Tensions in the Early 21st Century (“Mapeando as principais tendências e tensões no início do século XXI”). O projeto envolveu um grupo de 30 pesquisadores e ativistas que se reuniram em um encontro em Durban, na África do Sul, em julho de 2016, e discutiram os documentos preliminares. Mark Gevisser, um dos comentaristas convidados, escreveu uma análise perspicaz dos debates da reunião.
Encontro en Durban, 2006
Esse projeto durou até 2017 e teve quatro resultados principais. O primeiro foi o worknig paper The Catholic Church’s Legal Strategies The Re-Naturalization Of Law And The Religious Embedding Of Citizenship, de autoria de Juan Marco Vaggione. A segunda publicação, intitulada Sex at Dusk and The Mourning After: Sexuality Policy in The United States in The Years of Obama,, de autoria de Susana T. Fried e Cynthia Rothschild, atualizou o primeiro relatório do SPW sobre as políticas de sexualidade domésticas e internacionais dos EUA, examinando o que aconteceu durante o governo Obama. O terceiro e-book aborda uma gama diversificada de questões críticas de gênero e política sexual – trabalho sexual, direito ao aborto, desenvolvimentos legais – e o quarto volume analisa a dinâmica de gênero e política sexual na África, América Latina, Caribe, Índia e China.
Então, em 2018, o SPW lançou sua nova linha de trabalho para examinar sistematicamente as políticas antigênero na América Latina. O projeto começou com a tradução para o espanhol de artigos selecionados da edição especial da revista Gender and Religion: “Habemus Gender! The Catholic Church and Gender Ideology“. Em 2019, foi lançada uma série de vídeos que resumiam os resultados preliminares do projeto de pesquisa regional sobre políticas antigênero em nove países e na OEA. Em fevereiro de 2020, os resultados finais desses estudos foram publicados em espanhol e, mais tarde, no início de 2021, os resumos dos estudos de caso foram publicados em português e inglês. Em março de 2022, foi publicada outra rodada de estudos examinando políticas antigênero no contexto da pandemia de Covid-19 na América Latina. A nova publicação inclui estudos de caso de sete países e a OEA.
Encontros do G&PAL no Brasil: Rio de Janeiro, 2018; e São Paulo, 2019
Esse projeto continua, com foco principalmente na América Latina e no Brasil, mas não exclusivamente. Em 2022, em parceria com quatro redes regionais – Akahata, Promsex, Puentes/Bridges, Synergia – foi criado um grupo para possibilitar Diálogos Pendentes e Emergentes. Desde julho de 2022, foram realizados 10 debates sobre uma variedade de tópicos, como correntes de feminismos essencialistas, contexto e tendências políticas regionais e o megaciclo eleitoral de 2024.
Embora o foco principal desse programa de pesquisa seja a América Latina, existem diálogos e conexões com esforços semelhantes em andamento em outros contextos, em particular nos EUA e na Europa. Em 2023, em parceria com o projeto AHRC liderado pelo Departamento de Gênero da London School of Economics (LSE) sobre Movimentos e resistência transnacionais “antigênero”: Narrativas e intervenções, o SPW organizou um seminário regional sobre a América Latina no Rio de Janeiro. Os destaques de todos os painéis estão resumidos em nosso canal no YouTube.
Além disso, dada a escala e os efeitos drásticos da política antigênero no Brasil durante o governo Bolsonaro (2019-2022), o SPW também dedicou energia substancial para examinar criticamente as tendências nacionais e desenvolver produtos para o público brasileiro. Análises adicionais foram realizadas em relação à tradução da ideologia antigênero para a gramática do Estado e políticas públicas, como o relatório de 2021 “Ofensivas antigênero no Brasil“, apresentado ao Mandato do Especialista Independente das Nações Unidas sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero e Direitos Humanos por um grupo de organizações da sociedade civil brasileira. Outra publicação que examina todos os quatro anos do governo Bolsonaro também está em desenvolvimento.
Lançamento da primeira edição do Pequeno Dicionário de Termos Ambíguos do Debate Político Atual (Maio de 2022)
Mais significativamente ainda, em parceria com o Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o SPW desenvolveu um novo projeto pioneiro. Esse novo esforço teve como objetivo analisar e traduzir para uma linguagem amigável as genealogias, as motivações e os efeitos do “novo vocabulário” propagado pelos ultraconservadores e pela política de ultradireita. Seu resultado foi o Pequeno Dicionário de Termos Ambíguos do Debate Político Atual. A primeira edição foi lançada em maio de 2022 com oito verbetes e foi complementada com seis verbetes adicionais em novembro de 2023: “Ideologia”; “Marxismo cultural”; “Politicamente Correto”; “Globalismo”; “Ideologia de gênero”; “Feminismo”; “Linguagem neutra”; “Identitarismo”; “Racismo reverso”; “Cristofobia”; “Patriotismo”; “Cidadão de bem”; “Liberdade”; “Família”.
Esse projeto continua se desdobrando em novos exercícios de tradução. Em parceria com o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp está sendo produzida uma série de podcasts com base no conteúdo do Pequeno Dicionário. Outra parceria foi estabelecida com duas redes evangélicas progressistas para também traduzir o conteúdo do Pequeno Dicionário em produtos de mídia social e materiais educacionais. Por fim, um projeto conjunto também está sendo desenvolvido em parceria com o Departamento de Língua e Cultura da Universidade de Los Andes, em Bogotá, para adaptar o Dicionário ao contexto político e cultural colombiano.
Em 2024, para marcar o 20º aniversário do nosso primeiro relatório de pesquisa, o site do SPW foi redesenhado e relançado. A nova plataforma facilita a identificação e o acesso a todos os materiais que produzimos desde 2004, mas também a uma produção muito mais ampla de uma vasta gama de outras instituições e autores individuais que trabalham com pesquisa, análise e ativismo nas áreas de gênero, sexualidade, política e direitos humanos. Nosso arquivo contém uma grande quantidade de informações sobre cenários políticos de gênero e sexualidade do passado e contemporâneos, a partir de uma perspectiva transnacional. Também oferece caminhos para refazer as complicadas rotas que conectam as tendências do passado e as condições atuais, nas quais essas questões são mais críticas e relevantes do que nunca em relação a reivindicações mais amplas por igualdade, liberdade, justiça social, racial e étnica, mas também para a preservação e o aprimoramento das condições democráticas sob as quais essas lutas podem continuar.
Devido ao escopo de nosso trabalho, o SPW publica em inglês, português e espanhol. Isso se reflete no design de nosso site. Parte do conteúdo publicado, como nosso boletim informativo regular e relatórios de pesquisas relevantes, está disponível nos três idiomas, mas, fora isso, os assuntos variam.