• Home
  • Quem Somos
  • Contato
  • ENG
  • POR
  • ESP
  • Sala de Notícias
    • Arte&Sexualidade
  • Biblioteca
    • Publicações SPW
    • Anúncios mensais
    • Multimídia
    • Newsletters
    • Recomendamos
      • Publicações e Artigos
      • Links
  • Análises Estratégicas
  • Pesquisa & Política
  • Atividades SPW

Sala de notícias

Vida melhor e sem violência para as mulheres

22 set 2020


Benita Spinelli*, em colaboração a MULHERES EM MOVIMENTO

Mulheres em movimento no 28 de setembro – Dia de Ação Global pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro (3)

Desde minha formação profissional na graduação da Universidade de Pernambuco (UPE), tendo como campo de prática a maternidade e o ambulatório da mulher do Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM), que me encantei com a área de saúde da mulher. O contato direto com as mulheres, a escuta das suas queixas, a falta de conhecimentos básicos nas questões de higiene, autoestima muito baixa, contracepção, exames preventivos, vivencias na esfera sexual, me despertaram um grande interesse e compromisso em colaborar.

O pouco conhecimento que tinha adquirido, muito embora ainda fosse jovem e pouco experiente, me inquietava, mexia comigo. Então concluí que era esta a área na qual devia atuar. Tive muita sorte porque, quando estava com 15 dias de parida, arrumei o primeiro emprego: trabalhar como enfermeira em um projeto de pesquisa voltado para a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes, que era realizado no ambulatório do CISAM.

A partir daí minha trajetória profissional na saúde da mulher se consolidou. Enfrentei vários desafios como, por exemplo, gerenciar o ambulatório da mulher do CISAM por 11 anos; coordenar a saúde da mulher no município do Cabo de Santo Agostinho por 1 ano e meio; 12 anos na coordenação da saúde da mulher do Recife. Hoje, estou como coordenadora de enfermagem do CISAM e, como docente, coordeno o módulo da saúde da mulher na Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG), outro grande e prazeroso desafio. A troca de conhecimentos e a possibilidade de poder contribuir com a formação profissional de novos enfermeiros(as), buscando um olhar focado integralmente na mulher e suas necessidades físicas, raciais, sexuais, reprodutivas, econômicas e culturais.

Eu diria que nos anos 90 o CISAM viveu um momento de ascensão como unidade de ensino e reconhecimento, local e nacional, tendo à frente uma gestão bastante atuante na garantia dos direitos reprodutivos. Foram feitos muitos investimentos na área de formação profissional em gênero e saúde sexual e reprodutiva, tendo como missão atender a mulher em sua integralidade. Trabalhamos sempre em conjunto com organizações feministas que contribuíram bastante com as formações.

Os índices de violência sexual e doméstica contra as mulheres em Pernambuco eram e continuam elevados. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) buscou identificar na rede de serviços aquele que tivesse o perfil, vontade e compromisso em assumir o grande desafio deste acolhimento. Então, em 1996 foi instituído no CISAM, através da Portaria Nº 070/96, o atendimento às mulheres e adolescentes em situação de violência sexual e aborto legal. A SES decidiu assim, tornar o CISAM uma referência em saúde da mulher para o estado de Pernambuco.

Toda a equipe de saúde da maternidade passou por um processo de formação profissional, organizado através de cursos de sensibilização e formação para acolhimento, orientação, profilaxia, tratamento e interrupção da gestação. Foram elaborados e criados protocolos e fluxos para organização do serviço, além de determinação de espaços privativos para o atendimento destes casos.

Em se tratando do CISAM ser um hospital de ensino na área da saúde, a formação profissional e atualização da equipe se faz necessária e deve ser continuada. A oferta de cursos nos mais diversos temas para garantir atenção humanizada à mulher no trabalho de parto, parto e puerpério, nos direitos reprodutivos com oferta de métodos de longa duração, como dispositivo intra uterino, implantes, manejo com preservativos vaginais e penianos, aprimoramento em técnicas cirúrgicas, entre tantos outros temas, é permanente. Tudo isso com o objetivo de qualificar a equipe multiprofissional e ao mesmo tempo assegurar uma assistência de boa qualidade para mulheres e  crianças.

Recentemente vivemos no CISAM um momento de muita tensão com o acolhimento da menor vítima de estupro, que vinha sendo abusada sexualmente desde os seis anos de idade pelo tio e teve que sair do seu estado para realizar o procedimento. A garota de 10 anos chegou em nosso serviço dentro do porta malas do carro. A frente do CISAM estava tomada de pessoas que queriam impedir que a menor fosse atendida. Foi assustador ver todas aquelas pessoas bloqueando a porta principal da maternidade para impedir a nossa entrada aos gritos, chamando a todos/as de assassinos/as. Além do quê, interferiram na dinâmica do serviço, interditando a porta da emergência.

Mas, dentro da maternidade havia uma equipe multiprofissional, preparada e sensibilizada para acolher aquela menina, que estava com a avó e a assistente social designada pela Justiça do Espírito Santo para acompanha-las neste desafio. Uma menina indefesa, assustada e contida, ao mesmo tempo atenta, olhando tudo o que se passava em sua volta, esperando que todo aquele sofrimento terminasse, mesmo sem saber direito o que iria acontecer com ela.

De tudo isso fica a certeza de que fizemos o melhor para ela, cumprimos com a determinação da Justiça do ES, exercendo o nosso papel dentro dos princípios do SUS, do atendimento integral e universal. Cumprimos com as normas instituídas através de protocolos assistenciais, legitimados pelos órgãos sanitários, conselhos de classes, conquistados através do esforço coletivo das mulheres, movimentos sociais e feministas.

Precisamos coletivamente defender os nossos direitos e a autonomia sobre nossos corpos. Garantir, com segurança, tranquilidade e prazer, a nossa saúde sexual e reprodutiva. Toda mulher merece ter uma vida melhor e sem violência.

*Benita Spinelli é enfermeira, professora, feminista, mãe e avó.

Em parceria com MULHERES EM MOVIMENTO, da Folha de Pernambuco

Categoria: Sala de notícias Tags: Direitos das Mulheres, Direitos Humanos, Direitos Reprodutivos, Saúde Materna, violência, Violência Sexual

Compartilhar

Tags

Aborto América Latina antigênero Argentina Brasil China Colômbia conservadorismo conservadorismo religioso Contracepção covid covid-19 Criminalização Defensores DH Direitos das Mulheres Direitos Humanos Direitos Intersex Direitos LGBTQ Direitos Reprodutivos Direitos Sexuais Discriminação economia política EUA Extremismo Religioso feminismo Feminismos gênero HIV/AIDS Identidade de Gênero Igualdade de Gênero ONU Orientação Sexual políticas antigênero Portugal religião Saúde Materna Sexualidade Trabalho Sexual Uganda Uruguai violência Violência Sexual África Ásia Índia

Sexuality Policy Watch

admin@sxpolitics.org
Rio de Janeiro | Brasil

Posts recentes

  • O direito ao aborto legal no Brasil 2023-2025: Ofensivas e Resistências
  • A resolução do CONANDA sobre aborto nos casos legais não é apenas justa, é urgente
  • Comentários feitos em um evento paralelo da CSW co-patrocinado pelos EUA sobre o ataque da ideologia de gênero às mulheres e à família
  • Ordem antigênero de Donald Trump (2025): tradução ao português
  • Ofensiva anti-trans e anti-DEI nos EUA sob Trump
FW2 Agência Digital