Como parte do projeto Gênero e Política na América Latina (G&PAL), o Observatório de Sexualidade e Política realizou um estudo preliminar, de autoria Carla Castro Gomes, sobre a propagação do termo “ideologia de gênero” no Brasil. O estudo examinou essa propagação, desde os anos 20000, nas mídias digitais religiosas – católica, evangélica e espírita, verificou a propagação concomitante nesse veículos de discursos antiaborto e examinou o aparecimento e tratamento do assunto na grande mídia (O Globo e Folha de São Paulo). Seu objetivo principal foi subsidiar o estudo de caso sobre as ofensivas antigênero no país.
Apesar de suas limitações, o estudo informa que a nossa hipótese inicial estava correta: o termo “ideología de gênero” e ataques contra gênero começaram a circular nos meados dos anos 2000, com pouca intensidade nos veículos digitais católicos, em particular a página do Instituto Plínio Correia de de Oliveira (uma organização sucedânea da extinta Tradição Familía e Propriedade). Sua propagação através dos veículos digitais evangélicos se daria alguns anos mais tarde intensificando-se a ganhando proeminência a partir de 2013.
Essa mesmas fontes são propagadoras de posições contrárias ao aborto. Embora não exista uma correlação temporal clara entre discursos antigênero e antiaborto nas mídias católicas e evangélicas ambas são fontes de discursos contra gênero e contra aborto. Já a mídia religiosa kardecista embora propagando visões contra o aborto não constitui fonte de ataque ao gênero. Finalmente, o exame do material publicado pela grande imprensa informe que o tema só chegou a essas páginas muito mais tarde, a partir de 2014, ganhando uma espaço substantivo no curso do processo eleitoral de 2018.
Agradecemos a Carla pela colaboração e desejamos uma boa leitura.
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