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Evidências sobre aborto farmacólogico por telemedicina

Telemedicina para aborto farmacológico: uma revisão sistemática

por M. Endler, A. Lavelanet, A. Cleeve, B. Ganatra, R. Gomperts, K. Gemzell‐Danielsson

Revista: International Journal of Obstetrics & Gynaecology, março, 2019; 126(9).

Contexto: A telemedicina está cada vez mais sendo usada para acessar serviços de aborto.

Objetivo: Avaliar a taxa de sucesso, segurança e satisfação de mulheres e prestadoras de aborto farmacológico usando o método remoto por telemedicina.

Estratégia de pesquisa: pesquisamos nos portais PubMed, EMBASE, ClinicalTrials.gov e Web of Science até 10 de novembro de 2017.

Critérios do estudo: Selecionamos estudos em que a telemedicina foi usada para serviços abrangentes de aborto farmacológico, ou seja, avaliação/aconselhamento, tratamento e acompanhamento, relatando a taxa de sucesso (gravidez continuada, aborto completo e intervenção cirúrgica), segurança (taxa de transfusão de sangue e hospitalização) ou satisfação (satisfação, insatisfação e recomendação do serviço).

Principais resultados: as taxas relevantes para os resultados de taxa de sucesso, segurança e satisfação para mulheres com menos de 10 semanas de gestação variaram de 0 a 1,9% para a continuação da gravidez, 93,8 a 96,4% para o aborto completo, 0,9 a 19,3% para a intervenção cirúrgica, 0 a 0,7% para transfusão sanguínea, 0,07 a 2,8% para hospitalização, 64 a 100% para satisfação, 0,2 a 2,3% para insatisfação e 90 a 98% para recomendação do serviço. As taxas em estudos que incluíram também mulheres com mais de 10 semanas de gestação variaram de 1,3 a 2,3% para a gravidez continuada, 8,5 a 20,9% para a intervenção cirúrgica e 90 a 100% para a satisfação. Estudos qualitativos sobre a satisfação não mostraram impactos negativos para mulheres ou provedores.

Conclusão: Com base em síntese de resultados auto-relatados, o aborto farmacológico por telemedicina parece ser altamente aceitável entre mulheres e profissionais, a taxa de sucesso e os resultados de segurança são semelhantes aos relatados na literatura para o atendimento presencial da prática de aborto.

Breve sumário para tweet escrito pelos autores:

Uma revisão sistemática das evidências sobre o aborto farmacológico através da telemedicina mostra resultados similares à atenção presencial.


Mulheres podem se interessar em ler este artigo (em inglês) escrito por profissionais de saúde que realizam abortos que resume o resultado da revisão acima, mas de uma maneira mais compreensível:

O Aborto auto-administrado deveria estar universalmente disponível por Sam Rowlands, Secretário da Sociedade Britânica de Provedores de Cuidados Abortivos, The Conversation, 24 de março de 2020.

Este artigo evidencia como procedimentos de rotina podem ser omitidos para a segurança de mulheres e outras pessoas que procurem um aborto, como exame de ultrassom e o hemograma. Também relata que serviços de correio entre países estão sendo interrompidos pela ausência de vôos internacionais. Desta forma, deve-se pensar em modos criativos para se comunicar com farmácias e medicos locais para prover os medicamentos necessários.

Também recomendamos um artigo sobre como farmacêuticos e balconistas oferecem informação correta sobre como usar medicamentos abortivos depois de um simples treinamento.


Farmacêuticos no Nepal podem fornecer as informações corretas sobre o uso de mifepristona e misoprostol para mulheres que procuram medicamentos para induzir o aborto

por Anand Tamang, Mahesh Puri, Kalyan Lama, Prabhakar Shrestha.

Reproductive Health Matters, fevereiro, 2015; 22(44).

No Nepal, apesar das restrições políticas, as marcas registradas e não registradas de mifepristona e misoprostol podem ser facilmente obtidas em farmácias. Como muitas mulheres visitam as farmácias para obter informações sobre aborto, garantir que recebam cuidados efetivos dos farmacêuticos continua sendo um importante desafio. Realizamos um estudo para avaliar se farmacêuticos treinados poderiam oferecer corretamente informações sobre o uso seguro de mifepristona e misoprostol para o aborto farmacológico no primeiro trimestre da gestação. Os farmacêuticos e balconistas em um distrito receberam orientação e treinamento usando uma abordagem de redução de danos e foram comparados com um grupo não equivalente no segundo distrito. No geral, o conhecimento dos trabalhadores de farmácia treinados aumentou substancialmente, mas nenhum aumento foi encontrado no grupo de comparação. Comparado à linha de base (65%), 97% dos farmacêuticos treinados sabiam até que estágio da gravidez e como as mulheres deveriam usar mifepristona e misoprostol. Uma porcentagem maior de farmacêuticos no grupo de intervenção (77%) em comparação ao grupo de comparação (49%) teve conhecimento no acompanhamento sobre como determinar se um aborto foi bem-sucedido, implicando a necessidade de melhorar esse aspecto do treinamento. Como muitos provedores de saúde de nível médio administram suas próprias farmácias e oferecem pílulas para abortamento medicamentoso, é importante que o governo considere treinar esses provedores e registrar suas farmácias como estabelecimentos seguros de serviços de abortamento farmacológico.


Edição especial da revista Contraception (2018)

Também é possível acessar diversos artigos sobre o uso do aborto farmacológico na África do Sul, Argentina, Chile, Madagascar, Bangladesh, Benin, Burkina Faso, Nepal, Quirguistão e na fronteira Burma-Thailândia.

 



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