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Compilação sobre assédio a acadêmicos: Brasil

Nota do Grupo de Pesquisa Lesbocídio

Prezadxs

O grupo de pesquisa “Lesbocídio: as histórias que ninguém conta” está sofrendo inúmeros ataques conservadores que buscam deslegitimar a pauta LGBTI+ em nosso país. Estes ataques deixaram de ser apenas publicações em redes sociais e passaram a incluir denúncias caluniosas contra a metodologia da pesquisa e a coordenadora do projeto da Prof.ª Dr.ª Maria Clara Marques Dias IFCS/UFRJ. Estamos sendo difamadas junto ao CNPq, CAPES, UFRJ, Ministério Público, CGU entre outros.

Está sendo divulgada a nota por meio do link https://goo.gl/forms/7eI7ZfzEqw3QiEhv2 e viemos por meio desta mensagem pedir apoio das instituições, coletivos, partidos e quaisquer outras organizações ou pessoas físicas que tenham empatia pelo projeto por meio da ASSINATURA desta nota ou da elaboração de documento similar. Temos urgência, pois os processos estão em curso.

Agradecemos desde já,

Equipe Lesbocídio.

 

Carta da Professora Maria Clara Marques Dias

Prezados colegas,

Desde fevereiro deste ano tenho sido vítima de acusações em redes sociais e denúncias, endereçadas a diversos órgãos públicos, tais como a Ouvidoria e Reitoria da UFRJ, MPF, CGU, CAPES e CNPq, por conta de uma pesquisa que lidero sobre o assassinato de mulheres lésbicas no Brasil. A pesquisa, cadastrada na plataforma de grupos de pesquisa do CNPq, publicou, em março de 2018, um Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, entre os anos de 2014-2017. Desde então, tenho sido alvo de perseguições sistemáticas, que envolvem acusações de fraude e insinuações mentirosas sobre o mau uso do dinheiro público. Minha foto assim como a das demais autoras do Dossiê encontram-se, desde então, estampadas como pano de fundo em um blog que profere um discurso de ódio e busca, de forma nada acadêmica, coibir a defesa dos direitos básicos de grupos heterodiscordantes. Até a data de 31 de julho foram contabilizadas cerca de 100 publicações em redes sociais e blogs contra a pesquisa e contra mim, manipulando e distorcendo informações.

Há mais de vinte anos tenho trabalhado com temas relativos aos direitos humanos, aos direitos dos animais e à justiça. A forma como tenho sido atacada com acusações, de cunho nada científico, vem sendo acatadas por instâncias superiores, representando uma nova dinâmica das relações de poder no nosso pais. Neste momento particularmente difícil que estou/estamos vivendo, peço o apoio de todas e todos vocês.

Profa. Dra. Maria Clara Dias

Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pesquisadora do CNPq

Cientista do Nosso Estado – FAPERJ

 

Nota conjunta do Grupo de Trabalho História e Marxismo da ANPUH-RS, Grupo de Estudos sobre Marx (GMarx-USP) e Laboratório de Estudos Marxistas da Universidade de São Paulo (Lemarx-USP)

Nós, do Grupo de Trabalho História e Marxismo da ANPUH-RS, Grupo de Estudos sobre Marx (GMarx-USP) e Laboratório de Estudos Marxistas da Universidade de São Paulo (Lemarx-USP), em nota conjunta nos unimos a outros grupos marxistas de diferentes regiões do Brasil, bem como entidades estudantis e sindicais, para expressar nossa irrestrita solidariedade ao Prof. Luciano Martorano – importante tradutor de obras de Marx e Engels do alemão para o português – e manifestar nosso repúdio à arbitrária medida de exoneração por ele sofrida, em decisão da administração da Universidade Federal de Alfenas (Unifal/MG). Cumpre atentar ao fato de que a sua exoneração tem por base a justificativa de “Desídia no Desempenho das Respectivas Funções”, o que se refere a infrações como impontualidade, imperfeições na execução do trabalho, abandono de posto durante a jornada etc. Aquelas e aqueles diretamente envolvidos no cotidiano da Unifal – especialmente as alunas e alunos do Prof. Luciano Martorano – negam veementemente as acusações, denunciando, em suas próprias notas, o fato de que Martorano jamais sofreu qualquer penalidade anterior e tampouco teve assegurado o amplo direito de defesa. Não é difícil relacionar a forma autoritária de tal decisão, nada comprometida com provas e argumentação (e muito menos com a comunidade acadêmica envolvida), com os arbítrios verificados especialmente no setor judiciário brasileiro. Neste sentido, esta série de medidas disfarçadas sob a aparente neutralidade da técnica jurídica e institucional constitui uma clara violação de qualquer princípio de democracia na vida acadêmica, e como tal devem ser amplamente denunciadas e combatidas pelo que de fato o são: uma série de ataques ao ambiente acadêmico perpetrados por bandos de inspiração obscurantista coadunados com os piores retrocessos que o Brasil vem experimentando no processo de franca fascistização em curso (vide o agravamento da violação do direito à livre manifestação de pensamento e à liberdade de ensino). Há menos de uma semana já assombrava a notícia da agressiva intimidação sofrida pelos Profs. Gilberto Maringoni, Valter Pomar e Giorgio Romano, da Universidade Federal do ABC (UFABC), devido a organização de um evento de lançamento do livro “A verdade vencerá”, de autoria do ex-presidente e atual preso político Luís Inácio Lula da Silva. A sindicância aberta pela administração universitária neste caso, a partir de denúncia anônima, é composta de interrogatório similar ao verificado nos piores momentos da ditadura civil-militar. A perseguição a grupos marxistas é bastante anterior ao contexto do golpe de 2016, não obstante intensificar-se com este. Urge a todas e todos que atuem de forma vigilante com medidas do tipo, que tendem a aumentar em número e aprofundar-se, jamais se furtando a amplamente denunciá-las. Esta denúncia implica, claro, também a de ocorrências preocupantes no que toca ao avanço de absurdos reacionários como o do projeto Escola Sem Partido, ponta de lança no avanço sem peias do capital sobre a educação.

Grupo de Trabalho História e Marxismo – ANPUH/RS

Grupo de Estudos sobre Marx (GMarx-USP)

Laboratório de Estudos Marxistas da Universidade de São Paulo (Lemarx-USP)



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