Mujeres Creando é um coletivo feminista boliviano voltado para intervenções políticas e artísticas de rua. Elas não se definem como artistas, mas sim como ativistas políticas. Seus atos e performances são sempre públicos, focados na autonomia e na descolonização. O aborto é um tema constante dos grafites das ações performáticas. Mas as Mujeres Creando também se engajam em espaços formais de arte para transmitir suas mensagens políticas. Em 2014, elas apresentaram a instalação intitulada Espaço para abortar na Bienal de São Paulo que expressa, de forma concisa, uma intervenção de rua feita em La Paz. A abertura da Bienal coincidiu com as eleições nacionais gerais no Brasil, assim como com as mortes por aborto inseguro de Jandira e Eilzângela, duas mulheres que viviam na região metropolitana do Rio de Janeiro. Conforme reportado pelo SPW, as autoridades públicas nos níveis municipal, estadual e federal silenciaram sobre as duas tragédias. Refletindo o crescente clima conservador daquele momento, que depois iria intensificar-se ao longo de dois anos, Espaço para abortar foi ameaçado de censura.
O SPW escolheu a instalação para o Sexualidade e Arte deste mês por causa do 28 de setembro, Dia Internacional de Luta pelo Aborto Leagal e Seguro. Também é motivado pelo clima político regressivo em relação à autonomia reprodutiva das mulheres que atualmente prevalece no Brasil e que requer repostas fortes contundentes.
Para assisitir à intervenção completa (em espanhol)
Para saber mais obre o coletivo Mujeres Creando