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Os jogos do Rio: as pessoas e corpos trans

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por Leonardo Peçanha *

As Olimpíadas Rio 2016, foram um marco para atletas gays e lésbicas, devido à visibilidade positiva de atletas que assumiram sua orientação sexual. Esse tipo de representatividade é muito importante, já que a homofobia no esporte ainda é forte e invisibilizada. Atletas como Rafaela Silva, a judoca medalha de ouro, lésbica, negra e oriunda da comunidade Cidade de Deus, é um dos exemplos dessa representatividade. A corredora Caster Semenya, negra e lésbica, que teve que comprovar que é mulher para poder participar em Berlim 2009, conseguiu ganhou a medalha de ouro dos 800 metros rasos e bateu o record da modalidade. Também sabemos que que pessoas intersexo que participam de olimpíadas já há algum tempo. Em contra partida, atletas trans ainda não tiveram e devida visibilidade. Não foi divulgada participação de nenhum atleta trans nas Olimpíadas Rio 2016.

Talvez seja melhor dizer que não sabemos pois ninguém se manifestou publicamente como pessoa trans. Esse silêncio se deu mesmo quando, em janeiro de 2016, o COI suspendeu o protocolo de regras sobre participação de pessoas trans e intersexo nas Olimpíadas, eliminando assim obrigatoriedade das cirurgias e o uso de inibidores hormonais. Com relação à mudança dessas regras seria preciso, contudo um entendimento mais aprofundado de como se dá o processo de adequação de gênero para pessoas trans, visando o maior acesso, inclusão e permanência de atletas trans nos esportes. Penso que para que isso aconteça maior investimento precisa ser feito em treinamento desportivo, fisiologia do exercício e saúde de uma maneira geral, a partir de uma perspectiva que que reconheça a legitimidade dos corpos trans. Tal investimento vai contribuir para que a lacuna da presença trans nos jogos, que se registrou no Rio em 2016,  seja sanada.

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*Leonardo Morjan Britto Peçanha é Licenciado e Bacharel em Educação Física (UNISUAM), Especialista em Gênero e Sexualidade (IMS/UERJ),  Mestre em Ciências da Atividade Física (UNIVERSO) e Coordenador de Pesquisas do IBRAT – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades.



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