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O que querem @s transviad@s?

Berenice Bento * faz a resenha do livro Incursiones queer en la esfera pública: movimientos por los derechos sexuales en México y Brasil  de Rafael de la Dehesa

Por mais que façamos os disfarces ou maquiagens acadêmicas para alcançarmos a tal desejada linguagem insípida e inodora da ciência, quando escrevemos, nos revelamos. O escrito sobre os Outros, antes de tudo, é uma escrita sobre nós mesmos. Acredito que a centralidade que Rafael confere ao hibridismo para interpretar as plasticidades e fluidezes dos discursos e práticas é um mecanismo de falar do seu lugar no mundo. Sua condição híbrida torna empobrecedor fechá-lo ou delimitá-lo a uma identidade nacional. Ele não é estrangeiro quando está em solo brasileiro. Estrangeiridade é sua condição de ser no mundo. Ser estrangeiro, viver na fronteira, produz efeitos de desconfiança com tudo que cheira a fixo e à identidade imutável. E esta, desconfiada, elaborada com os sofisticados aparatos conceituais, estrutura a narrativa do seu livro.

Na viagem que fazemos ao ler este livro, somos sacudidos, como tripulantes de um navio que enfrenta uma tempestade, a cada novo capítulo. Ele não irá nos oferecer porto seguro em suas análises. O lugar da origem, dos discursos com certidão de nascimento, não encontra morada aqui. Portanto, ao se debruçar durante quase uma década em uma pesquisa de fôlego e rigor como poucas vezes eu tive em minhas mãos, o autor estava em processo de encontros (e desencontros) com os múltiplos “eus” que lhe habitam. E, nesta busca, somos nós, @s leitor@s, quem ganhamos.

Leia aqui a resenha

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* Doutora em Sociologia, Professora da UFRN, Brasil



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