Discussão sobre vagões femininos no transporte ferroviário é retomada
Em 2006, o governo do Rio de Janeiro aprovou lei que estabeleceu vagões exclusivos para mulheres no transporte ferroviário, com a intenção de protegê-las contra o assédio. Na época, a medida foi celebrada por setores do movimento feminista.
Em recente artigo na revista Carta Capital, o tema foi retomado. O texto afirma que o vagão exclusivo expressa uma opressão de gênero por indicar que as mulheres são culpadas pela própria sexualidade, assim como pela dos homens.
Quando a lei dos vagões segregados por sexo foi aprovada, vozes feministas cariocas expressaram, com veemência, sua desaprovação. Não só por que a lei proposta pelo governo conservador Rosinha Garotinho – e aprovada a toque de caixa pelo chefe de sua “tropa da choque” na ALERJ, o Deputado Picciani – era francamente populista e tinha claros objetivoseleitorais. Mas, sobretudo, por que tratava-se, e continua sendo assim, de uma medida estatal de segregação do espaço público.
“Se o critério de separação tivesse sido racial – vagões separados para brancos e negros – o repúdio seria generalizado. Mas como era segregação por sexo, em nome da proteção das mulheres contra a violência sexual – ou mais bem o descontrole sexual masculino – a medida foi aplaudida em todos os quadrantes, inclusive no campo feminista. Assim sendo, é muito salutar e alvissareiro ler no blog Outras Palavras na Carta Capital, uma revista de grande circulação, uma crítica que retoma os argumentos que levantamos em 2006. Quem sabe agora seremos ouvidas”, afirma Sonia Corrêa, co-coordenadora do SPW.